Compositor: Les Innocents
Minha bela, você compreenderia,
Se um dia eu, cansado,
Gritar à exaustão,
Pela última vez,
A cento e vinte decibéis,
Contra uma grande castanheira,
O meu amor por você?
Você acha que seria crueldade
Se sorrateiramente
Eu te raptasse e te levasse para fora da cidade
Para um forte, numa península
Para esquecer nossas brigas
Nossos conflitos
Nossos medos imbecis?
Ali, nós esperaríamos
O fim dos combates
Despejaríamos aos vermes e aos abutres
Nossos mais belos discursos
Essas palavras que acreditávamos escutar
E que sequer existiam
E, por fim, nos tornaríamos surdos
Há um estuário
Para nossos rios de suspiros
Onde a água mistura nossos mistérios
E nossas belas diferenças
Eu aprenderei a me calar
E impedir que as suas lágrimas caiam
Nessa outra Finisterra
Em longas praias de silêncio
Claro que achamos
Que o mundo é errado
Que os dias nos estragam
Como a um retalho de jeans
Que, entre nós, há muros
Que jamais desabam
E que mesmo o ar nos oprime
E ainda imaginamos
Coisas e coisas
Que nossos laços são de barro
Promessas fáceis
Sem perceber que sob a pátina
Do tempo, há rosas
Há férteis jardins
Há um estuário
Para nossos rios de suspiros
Onde a água mistura nossos mistérios
E nossas belas diferenças
Eu aprenderei a me calar
E impedir que as suas lágrimas caiam
Nessa outra Finisterra
Em longas praias de silêncio
Porque lá, bem alto, no céu
Se um dia eu estiver
O que eu espero levar de nós
É antes de tudo
O açúcar e o mel
E o pouco que sabemos
Cabe exclusivamente a nós
Há um estuário
Para nossos rios de suspiros
Onde a água mistura nossos mistérios
E nossas belas diferenças
Eu aprenderei a me calar
E impedir que as suas lágrimas caiam
Nessa outra Finisterra